Jovens cientistas: como desenvolver habilidades de liderança?

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Se você é uma jovem cientista, no início da sua carreira de pesquisadora, provavelmente já sentiu que não era boa o suficiente para fazer ciência e/ou já teve dúvidas sobre o quanto poderia se autointitular cientista.

Claro que tais inseguranças não são exclusividade das jovens pesquisadoras do gênero feminino. No entanto, como diversos estudos1,2 mostram, a Síndrome do Impostor2 é, de fato, mais presente em grupos historicamente sub-representados na comunidade científica, principalmente nas áreas de STEAM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática).

Mas por que será que isso acontece?

Jovem cientista e liderança

Se cientista é quem faz ciência e os pós-graduandos também fazem ciência, que tipo de trava age sobre nós quando nos perguntam nossa profissão? Isto é, o que nos faz engasgar na hora de dizer “eu sou cientista”?

Quem é cientista?

Cientista é quem faz ciência. A resposta parece óbvia. No entanto, não é assim que costumamos pensar em sociedade.

Nossa concepção social do que vem a ser um cientista é, no geral, estereotipada. Segundo o estereótipo, o cientista é um homem, branco, nerd, antissocial e genial.

Na medida em que não nos enquadramos nesse esteriótipo, podemos começar a duvidar de nossa auto-imagem de cientista.

“Se não sou homem, e/ou não sou branco, e/ou não sou gênio, nem nerd ou antissocial não devo ser um(a) cientista”.

O estereótipo do cientista está fundado em toda uma tradição que, por mais antiquada que possa ser, permanece atuante no imaginário coletivo.

 “Ciência é razão e razão é homem. Por outro lado, arte é emoção e emoção é mulher”.

Associações como essa provavelmente não lhe parecem inteiramente novas, nem tão surpreendentes. Mas veja como esse raciocínio é absurdo! Afinal, é um tanto quanto óbvio que homens e mulheres possuem razão e emoção, e a ciência, ela mesma, não sobrevive sem emoção como escrevi em outro artigo, o Maravilhamento pode ser a emoção interrogante que deu origem a Filosofia e a Ciência!

Sentir-se deslocado da imagem social estereotipada do cientista gera uma sensação de despertencimento em relação à comunidade científica. Isso costuma ser um dos principais fatores que originam a famosa Síndrome do Impostor.

Para combater o verdadeiro surto dessa Síndrome que acomete os jovens pesquisadores e pós-graduandos, é preciso romper com esse estereótipo do cientista. E a melhor estratégia para isso é buscar uma maior representatividade das “minorias” no ambiente acadêmico.

Isso pode ser alcançado construindo um ambiente favorável à diversidade e incentivando que mulheres, e outros grupos considerados minoritários, ocupem posições de destaque na carreira científica.

Tais incentivos passam pelo empoderamento de indivíduos por meio do desenvolvimento de habilidades de liderança.

O que é liderança?

Todos temos noção do que vem a ser liderança. No entanto, poucos de nós conseguiria, de pronto, encontrar uma boa definição.

Em certa medida, definir é sempre limitar, mas quando o assunto é liderança, é preferível optar pelas definições mais abrangentes.

Certamente uma das definições mais interessantes é de Warren Bennis, pioneiro nos estudos contemporâneos de liderança. Segundo ele, “liderança é a capacidade de traduzir visão em realidade3.

Para tornar-se capaz de capturar algo que está no imaginário e materializá-lo em realizações no mundo real, o líder precisa saber utilizar plenamente suas habilidades e talentos.

Aí é que entra a importância de desenvolver auto-confiança.

Note que a liderança assim entendida não é uma característica inata. Líderes não nascem líderes, tornam-se líderes.

Estilos de liderança

Sobre estilos de liderança, há muitas questões que poderíamos explorar. A mais famosa classificação de estilos de liderança foi feita por James MacGregor Burns4. Segundo ele, existem líderes:

  • Transacionais;
  • Transformacionais; e
  • Laissez-faire

Historicamente, a liderança masculina evidenciou estilos de liderança transacionais5 baseados em controle, ação corretiva e tomadas de decisão individualistas.

No entanto, um novo estilo de liderança vem se mostrando mais eficiente6: a liderança transformacional. Esse líder se dedica a inspirar os trabalhadores, promovendo um ambiente favorável a inovação, e construindo uma comunidade5.

Skills de liderança

Existem muitas habilidades de liderança, dentre elas destaco nove:

1.  Controle e ação corretiva;

2.  Tomadas de decisão individualistas;

3.  Estímulo intelectual;

4.  Comunicação eficiente;

5.  Inspiração;

6.  Tomada de decisão participativa;

7.  Estabelecimento de expectativas e recompensas;

8.  Desenvolvimento de pessoas; e

9.  Modelagem de papéis.

Estudos indicam que, para enfrentar os desafios do futuro, as skills de liderança transacional (controle, ação corretiva e tomadas de decisão individualistas) perderão espaço para o estímulo intelectual, a inspiração, a tomada de decisão participativa, o estabelecimento de expectativas e recompensas, o desenvolvimento de pessoas e a modelagem de papéis da liderança transformacional7.

Curiosamente, pesquisas mostram que essas skills da “liderança do futuro” são aplicadas com mais frequência por mulheres do que homens8.

Por que a liderança é importante para a ciência e para os cientistas?

Existem muitos motivos pelos quais os cientistas e pesquisadores devem buscar desenvolver suas capacidades de liderança.

– Líderes científicos podem impulsionar uma maior integração da ciência com o “mundo mais amplo” e assim contribuir para que o conhecimento científico tenha maior impacto e assuma uma posição de maior destaque na sociedade. Desse modo, aumentam as chances das pesquisas científicas obterem mais financiamento9.

– Desenvolver habilidades de liderança é preparar-se para, em algum dia, assumir um papel de liderança em sua carreira, seja na academia ou na indústria. Como orientador, lhe caberá a supervisão de estudantes e pesquisadores. Na indústria, ao ocupar um cargo sênior, será necessário que você seja capaz de dirigir um laboratório de pesquisa ou gerenciar uma equipe de colegas cientistas.

Líderes científicos inspiram outros a irem mais longe em suas carreiras. Portanto, se você é uma jovem pesquisadora, saiba que suas conquistas podem servir de inspiração para mais mulheres e meninas. Quanto mais mulheres ocuparem cargos de destaque, mais meninas se sentirão motivadas a seguir carreiras científicas e mais mulheres terão consciência de ter plena capacidade de ambicionar cargos de poder.

Como desenvolver habilidades de liderança científica?

Se você está passando por esses processos e precisa desenvolver habilidades de liderança, fique por dentro de algumas iniciativas importantes que podem te ajudar:

Mentoria Científica

Algumas instituições criaram programas de mentoria científica nos quais jovens pesquisadores e estudantes têm encontros marcados para dialogar uns com os outros e com pesquisadores sêniors sobre sua trajetória acadêmica.

Um exemplo é a iniciativa Women in STEAM que promove mentorias para meninas e mulheres das áreas de STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática).

Programas de Líderes Globais

Universidades, entidades internacionais e grandes empresas vêm criando programas voltados à formação de lideranças globais.

Um exemplo é o Woman in Wind Global Leadership Program, que apoia mulheres que trabalham com energia eólica.

Diplomacia científica

Com a agenda 2030 da ONU e as recentes disputas por insumos durante a pandemia de Covid-19 a diplomacia científica passou a ser um pouco mais conhecida.

O engajamento do jovem pesquisador(a) com a diplomacia científica pode ser uma oportunidade de aprender como diferentes partes interessadas podem dialogar. Além disso, é uma forma de visualizar um panorama da política científica nacional e mundial, entrar em contato com as complexidades do processo de tomada de decisões e entender onde ciência e política estabelecem pontes.

FORMATAÇÃO AUTOMÁTICA DE PESQUISAS CIENTÍFICAS

Mas, não tem jeito. Para que atinja seu objetivo e seja comunicada à sociedade, a pesquisa científica deve ser publicizada por meio de artigos científicos, anais, livros, dentre muitos tipos de trabalhos acadêmicos.

A divulgação das pesquisas científicas é um ponto bastante forte para garantir credibilidade à carreira da pesquisadora.

E se você está desenvolvendo uma pesquisa – seja no TCC, dissertação ou tese, conte conosco para otimizar a sua produção.

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Assim, você ganha tempo e tranquilidade e pode se dedicar mais à sua pesquisa e em desenvolver outras habilidades, como a liderança 🙂

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Referências

1 VAUGHN, A. R.; TAASOOBSHIRAZI, G.; JOHNSON, M. L. Studies in Higher Education, 2019, DOI: 10.1080/03075079.2019.1568976

2 CLANCE P. R.; IMES S. A. The Impostor Phenomenon in High Achieving Women: Dynamics and Therapeutic Intervention. Psychotherapy: Theory, Research and Practice, 1978. http://dx.doi.org/10.1037/h0086006.

3 BENNIS, W. G. Leadership is the capacity to translate vision into reality. Journal of Property Management, v. 73, n. 5, 2008, p. 13. Gale Academic OneFile.

4 BURNS, J. M. Leadership. New York: Harper and Row. 1978.

5 McCULLOUGH, L. Women’s Leadership in Science, Technology, Engineering and Mathematics: Barriers to Participation. 2011. https://eric.ed.gov/?id=EJ944199

6 EAGLY, A. H., JOHANNESEN-SCHMIDT, M. C.; VAN ENGEN, M. L. Transformational, transactional, and laissea-faire leadership styles: A meta-analysis comparing women and men. Psychological Bulletin, v. 129, p. 569-591, 2003.

7 CATALINO, N.; MARMANE, K. When women lead, workplaces should listen. 2019. https://www.mckinsey.com/featured-insights/leadership/when-women-lead-workplaces-should-listen

8 Women Matter: Time to accelerate – Ten years of insights into gender diversity, October 2017, McKinsey.com.

9 DIXON, I. The Importance of Leadership Skills for Scientists. 2020. https://segmentumanalysisltd.com/blog/2020/3/13/the-importance-of-leadership-skills-for-scientists

11 BROOKES, R.; WONG, B.; HO, S. Why Scientists Should Have Leadership Skills. 2017. https://blogs.scientificamerican.com/observations/why-scientists-should-have-leadership-skills/

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