Dia do Oceano

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Você pode ter cansado de ouvir que o Planeta Terra poderia se chamar de planeta Água, já que 70% da superfície dele é coberto pelo Oceano. Apesar disso a gente dá muito pouca atenção para essa enorme massa líquida que abraça os continentes.


No dia 08 de junho é celebrado em todo o mundo o Dia Mundial dos Oceanos e, como oceanógrafa, não vou deixar esse dia passar despercebido. 

Você pode achar que há coisas muito mais importantes para se falar hoje como a pandemia viral ou a crise política brasileira. 

Esses assuntos não deixam de ser muito relevantes, mas vou tentar fazer você olhar um pouquinho pro nosso oceano global. Me dê uma chance de colocar água salgada nesses assuntos.

A pandemia viral que estamos vivendo começou muito provavelmente pela contaminação de humanos por algum animal silvestre que carregava o vírus.

Nosso modo de vida e produção tem cada vez mais avançado em áreas onde antes não haviam humanos, com isso estamos entrando em contato com novos organismos que podem ou não causar alguma doença em nós. 

Nesse caso fomos surpreendidos por um vírus que se espalha muito rápido e toma muitas vidas.

Só que existem grandes chances de lidar com novos causadores de doenças nunca vistos antes. 

 Mudanças climáticas e o impacto no oceano

As mudanças climáticas pelas quais nosso planeta passa estão fazendo com que regiões que estavam congeladas há milhares de anos comecem a derreter. 

Cientistas já identificaram muitos vírus e bactérias que serão liberados quando esse gelo derreter. A próxima pandemia pode vir de um organismo pré-histórico descongelado.

Onde que entra o oceano nisso tudo?

 É graças a essa massa de água enorme que os efeitos das mudanças climáticas foram atrasados, pois o oceano absorve o calor e gases como o gás carbônico (CO2) em suas águas, assim vira um amortecedor evitando que as mudanças aconteçam muito rapidamente. 

Por conta desse oceano pudemos ter um pouco mais de tempo para entender as mudanças climáticas e nos preparar tecnologicamente para lidar com isso.

Inclusive temos tanta vida no oceano que se espera que grandes descobertas farmacêuticas possam vir de organismos marinhos.

Já estão acontecendo pesquisas para combater o COVID-19 (causador dessa pandemia atual) utilizando esponjas marinhas, poliquetas (organismo que lembra um verme) e entre moléculas identificadas em outras pesquisas marinhas.

 Além de ser um amortecedor climático, há muita vida no oceano que ainda nem conhecemos, muitas curas podem estar debaixo d’água.

Oceano e Política

A nossa crise política brasileira é algo que não vou me aventurar em explicar, mas queria passar brevemente em como o oceano pode influenciar na nossa política e vice versa.

 Por exemplo, ter acesso ao oceano facilita as trocas comerciais por vias marítimas, mais pessoas moram próximo ao litoral, há muitos recursos valiosos no mar, etc… 

A economia do Brasil foi turbinada nos últimos anos pela exploração de petróleo no Pré-Sal do nosso mar. O oceano pode ser fonte de muitas riquezas se for bem cuidado.

Não podemos esquecer que a exploração de minérios e o desenvolvimento econômico da forma como conhecemos acabam por trazer problemas ambientais incontáveis. 

Para isso precisamos de políticas públicas para que esses problemas não superem as riquezas geradas. Vazamentos de petróleo como o que chegaram ao nordeste no ano passado geram danos de saúde e econômicos que ainda não temos dimensão.

Por isso precisamos de políticas ambientais que ajudem a coexistência da geração de riqueza e da vida humana.

Vemos que no governo, em especial o federal, há um certo interesse em relaxar as regras ambientais. 

Porém assim como o oceano desacelerou os efeitos das mudanças climáticas e nos deu mais tempo para avaliar o problema, as políticas ambientais vão desacelerar a destruição e a nossa chance de conhecer, visitar e aproveitar o que o oceano tem a nos dar.

Nesse Dia Mundial dos Oceanos queria poder exaltar tudo o que há lindo, mas só quero que você possa ver o quanto precisamos de oceanos limpos e saudáveis para que possamos continuar existindo como humanidade.


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