A profissão de Historiadora e Historiador: depois da regulamentação, pontes serão necessárias

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A mais de 40 anos existia o projeto de regulamentar a profissão de Historiadoras/res, o movimento e manifestação dos profissionais da área, por si só são históricas, já que se adaptaram com as diferentes sociedades neste período de tempo.

Desde 2009, com um embrião na Associação Nacional de História – ANPUH, estava rolando a PLS 368/2009 e a subversiva #históriaéprofissão. 

Infelizmente, no dia 24 de abril de 2020, foi vetado. Um grande balde de água fria, com certeza, mas não esperávamos algo tão diferente.

Os representantes da regulamentação utilizaram das ferramentas disponíveis, e o veto número 10 foi votado no dia 12 de agosto de 2020, e o mesmo veio a cair. Nós ganhamos um parabéns antecipado à nosso dia, dia 19 de agosto!

 A importância da legalização da profissão de historiador e historiadora

Uma profissão regulamentada tem definido legalmente limites e estruturas de seus exercícios, estipulam-se requisitos, competências e habilidades que as/os profissionais devem apresentar.  É dar estatuto legal, é o Estado reconhecer sua existência, é ser reconhecida socialmente e juridicamente, com direitos e deveres para com sua sociedade.

Isso impacta em parâmetros para os cursos de graduação e pós-graduação, bem como nas possibilidade de investimentos e divulgação científica, por exemplo. 

Em toda a cadeia de atividades desta área do conhecimento: ensino, pesquisa, assessoria, planejamento e gestão. 

Como resultado, impacta na formação de estudantes do fundamental, médio e superior, e nas diferentes possibilidades de atuação no mercado de trabalho.

A ausência de uma legislação determinando/orientando nossas atribuições, a divulgação e obrigatoriedade de existirmos em determinados ofícios e espaços, permitia a substituição por jornalistas, arquitetos, bibliotecônomos, arquivologistas, entre tantos outros profissionais. 

De forma simplificada, éramos reduzidos a atuação em sala de aula, sem grandes incentivos à pesquisa, algo que se faz extremamente necessário, ainda mais na implementação de novas leis de ensino, e desenvolvimento de cidadãos, como também preza a Lei de Diretrizes Bases da Educação Nacional, ou seja, impacta na vida de qualquer sujeito. 

Fora deste espaço, não conseguíamos trabalho em nossa área de competência.

É importante que todas/os saibam o que podemos fazer, para que diálogos com outras áreas sejam iniciados, ser profissional da História consiste em pesquisar os processos gerados por pessoas, nos diferentes tempos na sociedade, das rupturas e das grandes estruturas mantidas pelos seres humanos que nos debruçamos, para compreender o mundo em que vivemos hoje. 

Não estudamos o passado. História é a nossa ciência, com metodologia específica e dialogada, através da análise crítica às fontes, que podem ser de arqueológicas às redes sociais, mostramos possibilidades através de evidências, não trabalhamos com uma verdade absoluta.

A Função social da profissão de historiadora e historiador

Nossa função social é fazermos a manutenção da memória coletiva de uma sociedade, interligando gerações, gerando diálogo entre elas, através de valores como identificação e empatia, por exemplo.

Também buscamos gerar um pensamento crítico para que os cidadãos consigam discernir o que deve ser mantido, e o que pode ser transformado, em nossa sociedade, gerando impacto social.

Serão necessárias pontes, para dialogar, e conhecer todas as nossas possibilidades de atuação, pois agora queremos estar em todos os lugares, por termos um vasto território a explorar com formação/qualificação, e já aviso, somos exigentes. Que tal nos contratar? O que fazemos?

PL368 – Art. 4º

São atribuições dos historiadores:

I – magistério da disciplina de História nos estabelecimentos de ensino fundamental, médio e superior;
II – organização de informações para publicações, exposições e eventos em empresas, museus, editoras, produtoras de vídeo e de CD-ROM, ou emissoras de televisão, sobre temas de História;
III – planejamento, organização, implantação e direção de serviços de pesquisa histórica; IV – assessoramento, organização, implantação e direção de serviços de documentação e informação histórica;
V – assessoramento voltado à avaliação e seleção de documentos, para fins de preservação;
VI – elaboração de pareceres, relatórios, planos, projetos, laudos e trabalhos sobre temas históricos. 

Traduzindo em palavras coloquiais, podemos produzir conteúdo online e offline para livros, artigos e materiais didáticos em diferentes plataformas e mídias. 

Roteiro, argumento, consultoria e produção de vídeos, filmes, séries, novelas, quadrinhos, jogos/games e documentários. 

Somos criativos e artísticos muitas vezes, criamos enredo para Escolas de Samba, e roteiros históricos para Empresas de Turismo, inclusive, treinamento para guias-turísticos, com um viés inclusivo, anti-racista, por exemplo. Ou podemos ser mais tranquilos e auxiliar na implementação de políticas e treinamento em empresas privadas e públicas envolvendo inclusão e diversidade, assim como, trabalhar habilidades do futuro, para os que são formados também em Licenciatura. 

Para os que precisam gerar valor para sua marca, e construir uma comunidade, uma História Institucional, para manutenção e preservação de memórias, com ações em parceria com equipe de marketing/comunicação, pode ser uma ótima opção, assim como, atuar no Terceiro Setor e instituições voltadas à cultura, políticas públicas, patrimônio histórico (material e imaterial) onde temos diferentes frentes.

Deixo aqui estas ideias, e o convite: seja uma ponte!

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2 comentários em “A profissão de Historiadora e Historiador: depois da regulamentação, pontes serão necessárias”

  1. Como amante da história e concluindo minha graduação pedagógico em história, fico muito feliz por vocês realizarem com esforço e dedicação esse trabalho tão digno de reveindicar o reconhecimento da profissão do historiador (ra). Todos e todas estão de parabéns. Os maiores parabéns vai os que por essa causa sempre lutaram.

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  2. Como amante da história e concluindo minha graduação pedagógico em história, fica muito feliz por vocês realizarem com esforço e dedicação esse trabalho tão digno de reveindicar o reconhecimento da profissão do historiador (ra). Todos e todas estão de parabéns. Os maiores parabéns vai os que por essa causa sempre lutaram.

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