Profissão Oceanografia: Mestre dos Mares?

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Há 110 anos nascia Jacques Cousteau. Durante seus 87 anos de vida ele contribuiu muito para o desenvolvimento de equipamentos de mergulho, fotografia e filmagem subaquática. 

Foi ele quem apresentou ao mundo, com seus documentários, o universo submarino numa época em que a pesquisa oceanográfica crescia rapidamente impulsionada pelos avanços tecnológicos da Segunda Guerra Mundial.

Depois disso muitas pessoas passaram a sonhar em explorar o que havia abaixo das ondas e a carreira de oceanografia começava a ganhar mais relevância na mente das pessoas. 

Um dos primeiros institutos dedicados à oceanografia foi o Scripps (EUA), fundado em 1903. Já no Brasil, a primeira instituição foi aberta em 1946, o Instituto Paulista de Oceanografia, o qual foi incorporado à USP em 1951 como Instituto Oceanográfico. Entretanto, somente vinte anos depois, em 1971 começa a primeira graduação em Oceanografia pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG – RS).

No Brasil são mais de 70 anos de pesquisa oceanográfica e quase 50 anos de graduação na área. Nesse tempo muitas pessoas já flertaram com a ideia de fazer uma faculdade para trabalhar para sempre à beira do mar, navegando pelas ondas ou desbravando as profundezas oceânicas. 

Para você que tá se perguntando sobre esse caminho, vou contar um pouco do que pode aparecer por ele.

Formação em Oceanografia

A primeira coisa que você vai se deparar é que a Oceanografia é divida em 5 grandes áreas: Biológica, Geológica, Química, Física e Social. 

Cada área vai dar um enfoque maior para cada uma dessas disciplinas, sendo a Oceanografia Social a área mais recente que vai estudar as relações da nossa sociedade com o ambiente marinho-costeiro.

Durante a graduação você pode se aproximar de uma ou outra área e se especializar nela durante a sua pós-graduação. Ou então você pode ter vindo de alguma outra graduação como a Geologia e na pós-graduação seguir na Oceanografia Geológica, por exemplo.

Talvez sua primeira dificuldade numa graduação em oceanografia seja fazer disciplinas bem contrastantes como “Invertebrados Marinhos” (biologia) e “Dinâmica de fluídos” (física), e sempre tentando não reprovar em nenhuma delas. 

É preciso bastante flexibilidade, já que na maioria das vezes a forma de resolver exercícios de cada área vai ser muito diferente.

Atividades laboratoriais, de campo e embarcadas vão acontecer também, só não espere que seja em todas as semanas. As atividades são tão pontuais e há até cursos com sede longe do mar, como o da USP que é realizado no campus Butantã, localizado na capital de São Paulo. Com duas bases de apoio no litoral paulista, os alunos desse curso conseguem realizar essas atividades de campo e/ou embarcadas.

Outro diferencial é a necessidade de experiência embarcada para concluir o curso. São necessárias no mínimo 100 horas de experiência oceanográfica embarcada (cruzeiro de turismo não conta!). 

Em algumas instituições se exige que esse número de horas seja maior, também há instituições de ensino que não consideram os embarque didáticos, que acontecem durante as disciplinas da graduação, demandando do aluno buscar embarques junto a projetos de pesquisa ou empresas que prestam serviços oceanográficos ou em cruzeiros da Marinha.

Atuação em Oceanografia

Um profissional que compreenda o funcionamento do oceano pode contribuir onde há a maior parte da ocupação humana.

Cerca de 40% da população do mundo, e do Brasil, vive em áreas litorâneas, a pouco menos de 100 km de distância do mar. Portanto quase metade da população é influenciada diretamente por processos costeiros ou se relaciona de alguma forma com esse ambiente. 

Apesar de todas as pessoas dependerem do oceano, a nossa relação com ele nem sempre é clara. 

A atuação de profissionais da oceanografia na educação ambiental e formação dos adultos das próximas gerações pode nos ajudar como sociedade a termos uma relação melhor com essa parte do planeta.

O oceanógrafo não lida apenas com o trabalho diretamente no mar. 

Seus conhecimentos são úteis também fora do mar, em grandes corpos de água como represas e grandes lagos ou mesmo em cultivos aquícolas (cultivo de organismos aquáticos, como peixes, mexilhões, etc…). Mesmo lidando com o mar, diversos profissionais trabalham utilizando apenas dados de satélites ou de observatórios oceânicos, assim produzem modelos e previsões sem nem precisar molhar os pés.

As mudanças climáticas já estão alterando o clima do planeta e o oceano. 

O oceano é o grande regulador climático do planeta, e profissionais da oceanografia podem fornecer informação de qualidade para auxiliar a população, tomadores de decisão, empresários, agricultores, etc., a melhor conviver com as novas condições do clima.

A formação em oceanografia pode não ser a primeira coisa que vem à mente de muitos quando pensam em profissionais versáteis ou do futuro.

Quando eu penso no futuro, espero que ele traga novas formas de produção econômica, de organização social e política e novas formas de pensar.

Vejo que é um grande diferencial exercitar um pensamento transdisciplinar, sistêmico, que consiga lidar com grandes volumes de dados, que compreenda que fronteiras políticas não são fronteiras ambientais, entre outros pontos. 

Tudo isso acaba fazendo parte da formação em oceanografia que traz um enorme potencial para as grandes inovações dos próximos tempos.


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