Como é ser cientista LGBT+? Um panorama da comunidade queer na área científica

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Nest post, honramos a incrível contribuição dos cientistas LGBT+ para o mundo da ciência. Celebre o mês do orgulho com a Mettzer!


Sumário

  1. História do movimento LGBTQIA+
  2. Existe inclusão na comunidade científica?
  3. A importância de cientistas LGBT na ciência
  4. Mortalidade LGBTQIA+ no Brasil
  5. 5 cientistas LGBT + para você se inspirar
  6. Qual o significado das letras da bandeira?

Em Junho é comemorado o mês do orgulho, isso pois, no dia 28  é o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAP+, por isso, convidamos à reflexão sobre a inclusão e a valorização das pessoas LGBTQIAP+ nas instituições acadêmicas e no campo científico.

As universidades desempenham um papel fundamental na geração de conhecimento e na busca por soluções para desafios sociais.

É importante reconhecer que essas instituições são parte integrante da sociedade e, infelizmente, podem reproduzir comportamentos que resultam em situações de opressão para indivíduos LGBTQIA+.

“É importante destacar que um dos papéis principais da Universidade é promover o respeito pelas diversidades, sejam culturais, sociais, sexuais ou de gênero e, além disso, promover a inclusão social, com vistas a suprimir a desigualdade social e subsidiar a emancipação dos segmentos sociais vulnerabilizados.” (SAMPAIO; VIANA, 2015, p 70)

Vamos entender um pouco sobre o espaço da de cientistas LGBT+ e sua importância para a comunidade.

História do movimento LGBTQIA+

O início da articulação política do movimento LGBT+ remonta a 1969, quando um confronto entre a polícia e membros da comunidade no Stonewall Inn, um bar em Nova York frequentado por gays e lésbicas, desencadeou uma onda de ativismo.

No Brasil, o movimento ganhou força uma década depois, com a formação do grupo Somos em São Paulo, que buscava discutir a sexualidade e a homossexualidade. 

As primeiras demandas do Movimento Homossexual Brasileiro (MHB) estavam relacionadas à prevenção da AIDS, assistência aos portadores do HIV e combate à estigmatização dos gays.

Com o avanço do tratamento da AIDS, o movimento LGBT+ gradualmente afastou-se dessas pautas para incorporar novas demandas voltadas para a efetivação da cidadania, buscando acesso e participação em várias esferas da vida pública, como educação, saúde, trabalho e política, sem enfrentar preconceito ou violência.

Os grupos LGBT+ têm pautas específicas determinadas por suas diferenças. Para aqueles ligados à orientação sexual, como gays, lésbicas e bissexuais, surgem temas como a legalização da união civil entre pessoas do mesmo sexo, adoção por casais homoafetivos e a proibição de terapias de “cura gay”.

Os manifestantes tomaram as ruas após os tumultos de Stonewall, no verão de 1969.Foto: Domínio Público

Direito a identidade de gênero

Já para os grupos relacionados à identidade de gênero, como travestis e transexuais, surgem temas como o uso do nome social, acesso seguro a hormônios e cirurgias de redesignação sexual, e o respeito à identidade de gênero, independentemente de cirurgias, terapias hormonais e mudanças no registro civil. 

Desde a redemocratização até os dias atuais, as demandas do movimento LGBT+ geraram disputas políticas acirradas no Legislativo. No entanto, a maioria das conquistas ocorreu por meio de ações do Judiciário, em especial do Supremo Tribunal Federal. 

Exemplos dessas conquistas incluem o direito de pessoas trans realizarem cirurgias de adequação corporal à identidade de gênero pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a legalização da união estável homoafetiva, o reconhecimento do casamento civil homoafetivo, a possibilidade de mudança de nome e gênero no registro civil de pessoas transgênero sem a necessidade de cirurgias ou laudos judiciais.

O reconhecimento da homofobia e transfobia como crimes de racismo, a proibição das terapias de “cura gay” e a inconstitucionalidade da proibição do debate de gênero.

Existe inclusão na comunidade científica?

Geralmente quando uma pessoa pensa em um cientista, tem uma imagem estereotipada que perdura até os dias de hoje: um homem cis, branco, idoso e de cabelos grisalhos.

Infelizmente, profissionais da ciência que sejam negros, indígenas ou LGBTQIA+ são praticamente inexistentes nessas representações, o que reflete a falta de diversidade e inclusão ainda presente na realidade científica brasileira.

Um relatório britânico de 2019 intitulado “Exploring the Workplace for LGBT+ Physical Scientists“, produzido pelo Institute of Physics, Royal Astronomical Society e Royal Society of Chemistry, revelou que o ambiente de trabalho das ciências é desconfortável para muitos cientistas LGBTQIA+.

A pesquisa apontou que quase um terço das pessoas cientistas pertencentes a minorias sexuais e de gênero considerou abandonar suas carreiras devido à discriminação, assédio ou exclusão no local de trabalho. O relatório também destacou que pessoas trans e não-binárias são as mais suscetíveis a bullying, assédio e comportamentos excludentes no ambiente de trabalho.

Essa não é uma realidade apenas lá de fora. No Brasil, apenas 10% dos cientistas, estudantes e pesquisadores são LGBTQIA+. Esses dados preliminares são resultado de uma pesquisa inédita conduzida por Gabrielle Weber, professora da Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo (USP), e Fernanda Stanisçuaski, professora do Instituto de Biociências da UFRGS. 

Identidade e as dificuldades que cientistas LGBT passam

Para cientistas LGBT+, uma das maiores decisões que enfrentam é pensar em revelar sua sexualidade ou identidade. Essa escolha de “sair do armário” é extremamente complexa, pois cada indivíduo queer precisa pesar os benefícios em relação aos custos. 

Mais de 40% das pessoas identificadas como LGBTQ+ que trabalham nas áreas da ciência e  não se assumem para seus colegas. Muitos dos que o são relataram sentir-se inseguros ou indesejados no local de trabalho.

Em geral, manter-se em segredo e não revelar sua orientação sexual ou identidade de gênero pode ser extremamente prejudicial, mas existem situações em que permanecer no armário pode ser potencialmente mais seguro do que sair, afinal, vivemos num país homofóbico. 

Cientistas LGBTQIA+ enfrentam desafios emocionais ao considerar a revelação de sua identidade no meio científico. Existe o medo de discriminação e preconceito, além da falta de políticas inclusivas e apoio nas instituições.

Restrições legais e culturais em diferentes partes do mundo intensificam essa dificuldade. Um exemplo disso é a polêmica que se criou em torno da linguagem neutra, que tem o objetivo de incluir todas as identidades de gênero.

Joey Nelson em uma entrevista sobre a comunidade de cientistas LGBT+ diz:

“ Encontramos nossa comunidade quando nossa comunidade é visível”.

No entanto, há um movimento em direção à inclusão e diversidade, com cientistas queer formando redes de apoio e instituições adotando políticas de igualdade. Devemos acolher com compaixão e trabalhar para criar um ambiente científico seguro e inclusivo para todos.

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A importância de cientistas LGBT na ciência

Sabe, a presença e a contribuição da comunidade queer na ciência são extremamente importantes e valiosas. Ter cientistas LGBT+ atuando em diferentes campos e disciplinas traz uma perspectiva única e enriquecedora para a produção de conhecimento, além de representatividade no meio científico.

Pense bem, a ciência é sobre questionar, explorar e buscar respostas para a sociedade. E ter uma diversidade de vozes e experiências nesse processo só fortalece o desenvolvimento da ciência como um todo.

Além disso, a representatividade importa. Ter cientistas queer é fundamental para inspirar e encorajar outros indivíduos a seguirem seus sonhos científicos. Quando vemos pessoas como nós alcançando realizações e sendo reconhecidas em suas áreas, isso nos mostra que também podemos conquistar o que almejamos, independentemente de nossa orientação sexual ou identidade de gênero.

A comunidade queer na ciência também desempenha um papel essencial na construção de espaços seguros e inclusivos. Ao se unirem, cientistas queer formam redes de apoio, compartilham experiências e enfrentam desafios juntos. Essas comunidades fornecem suporte emocional e profissional, além de serem plataformas para promover a mudança e a igualdade dentro das instituições científicas.

A ciência é sobre descoberta, inovação e buscar a verdade. E a diversidade é um ingrediente crucial nessa busca.

Portanto, valorize e apoie a comunidade queer na ciência. Reconheça suas contribuições, promova a inclusão e ajude a criar um ambiente acadêmico onde todos possam se sentir aceitos e respeitados. Juntos, podemos construir uma ciência mais diversa, representativa e enriquecedora para todos nós.

Importância da representatividade trans

Em 2020 tivemos o prazer de entrevistar a cientista Lucy Souza, doutora em Zoologia pelo programa de pós-graduação do Museu Nacional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGZOO, MN/UFRJ). 

Suas pesquisas têm como foco as seguintes áreas: biologia sistemática, filosofia da ciência, morfologia/evolução de crocodilianos, paleontologia, representatividade na ciência e sistemática filogenética. E ainda é divulgadora científica pelo canal MakeScienceBR e em parceria com o canal Dragões de Garagem no bloco “TransMissões da Garagem”.

Veja:

Mortalidade LGBTQIA+ no Brasil

Segundo o relatório do Observatório, o número de óbitos documentados em 2021 revela um aumento significativo em relação ao ano anterior. Em comparação com 2020, quando foram registrados 237 casos, houve um aumento de 33,3%. 

No entanto, é importante considerar a possibilidade de subnotificação devido à pandemia ocorrida em 2020″, afirma Alexandre Bogas, diretor executivo da Acontece. 

Esses dados também destacam o Brasil como o país com o maior número de homicídios de pessoas LGBTQIA+ em todo o mundo, pelo 13º ano consecutivo.

indice de mortalidade lgbt

5 cientistas LGBT + para você se inspirar

Falta muito ainda para evoluirmos como sociedade. Mas sabia que temos grandes nomes da comunidade científica que são LGBTQIA+? Se inspire nesses grandes nomes:

Alan Hart

Alan Hart, um pesquisador da saúde, desempenhou um papel significativo na batalha contra a tuberculose nas primeiras décadas do século XX. Além disso, ele foi uma figura pioneira como um dos primeiros indivíduos nos Estados Unidos a passar por uma cirurgia de redesignação de gênero. Alan, um homem trans, enfrentou desafios pessoais, mas conseguiu encontrar sua identidade social como homem após a transição.

alan hart

Alan Turing

Possivelmente você acompanhou a narrativa desse cientista britânico no filme “O Jogo da Imitação” de 2014, protagonizado por Benedict Cumberbatch. Sem sua contribuição, é possível que duas ocorrências cruciais não tivessem se concretizado: a derrota da Alemanha na Guerra e a invenção do computador.

Turing desempenhou um papel fundamental ao decifrar o Enigma, um código utilizado pelo regime nazista para suas comunicações durante aquele período, e nesse processo desenvolveu uma máquina que posteriormente se tornou o computador.

Apesar do sucesso alcançado em sua carreira, a vida de Turing teve um desfecho trágico: em 1952, ele foi detido por atos considerados indecentes e submetido a tratamentos hormonais que resultaram em impotência, em virtude de sua orientação sexual.

alan turing

Audrey Tang

Audrey Tang, uma destacada programadora de Taiwan, é reconhecida como uma das principais personalidades no campo da tecnologia. Desde tenra idade, demonstrou seu talento ao criar sua própria linguagem de programação, chamada Pearl 6, aos 12 anos. Sua paixão pelo mundo da computação e sua habilidade extraordinária foram evidentes quando, aos 15 anos, decidiu abandonar a escola para se dedicar inteiramente à criação de projetos inovadores.

A trajetória de Audrey Tang é uma inspiração para muitos, pois ela quebrou barreiras e superou desafios como pessoa trans. Sua determinação e contribuições notáveis ​​para a ciência moderna são um testemunho do seu talento e visão únicos.

audrey tang

Ben Barres

Ben Barres, um neurobiólogo transexual, superou obstáculos e preconceitos para se tornar chefe de departamento na Universidade de Stanford. Sua inteligência notável o levou a estudar em prestigiadas universidades, como MIT e Harvard. Barres enfrentou desigualdade de gênero ao ser subestimado e perder oportunidades.

Após passar pela cirurgia de transição, ele foi tratado com mais respeito em suas pesquisas. Contribuiu significativamente para a pesquisa sobre células gliais. Infelizmente, faleceu em 2017 devido ao câncer de pâncreas. Sua história abriu portas para a representatividade na ciência.

ben barres

Nergis Mavalvala

Em um momento histórico em 2016, a comunidade científica presenciou uma descoberta sem precedentes. Pela primeira vez, as ondas gravitacionais, um fenômeno teórico previsto por Einstein, foram detectadas, contrariando suas próprias dúvidas de que seriam observáveis.

Nesse avanço científico, a equipe do Observatório LIGO, sediado em Washington, desempenhou um papel fundamental na comprovação inequívoca dessa perturbação no espaço-tempo. Um membro proeminente desse time era Nergis Mavalvala, uma pesquisadora do Paquistão.

Além de enfrentar os desafios como mulher e imigrante de um país conservador e religioso, Nergis é lésbica – um aspecto que foi praticamente escondido pela mídia em seu país de origem quando o impactante resultado de sua pesquisa foi divulgado.

No entanto, a pesquisadora persistiu até que decidiram publicar essa informação. Seu principal objetivo é demonstrar que cientistas podem alcançar resultados surpreendentes, independentemente de seu gênero, sexualidade ou origem

nergis mavalvala

Qual o significado das letras da bandeira?

A sigla LGBTQIA+ é uma forma de representar a diversidade de identidades relacionadas à orientação sexual e identidade de gênero. Cada letra na sigla corresponde a uma categoria:

  • L: Lésbicas – mulheres que têm atração romântica, sexual ou emocional por outras mulheres.

  • G: Gays – homens que têm atração romântica, sexual ou emocional por outros homens.

  • B: Bissexuais – pessoas que têm atração romântica, sexual ou emocional tanto por pessoas do mesmo gênero quanto por pessoas de gêneros diferentes.

  • T: Transgêneros – pessoas cuja identidade de gênero difere do sexo atribuído no nascimento.

  • Q: Queer: pode ser usado como uma identidade abrangente para pessoas cujas identidades de gênero e orientações sexuais não se encaixam nas normas tradicionais.

  • I: Intersexuais – pessoas que possuem características sexuais biologicamente atípicas, como anatomia sexual ou cromossomos que não se enquadram nas definições típicas.

  • A: Assexuais – pessoas que experimentam pouca ou nenhuma atração sexual por outras pessoas.

  • +: O sinal de mais (+) representa outras identidades relacionadas à diversidade de gênero e sexualidade que podem não estar explicitamente mencionadas na sigla

É importante ressaltar que a sigla continua evoluindo e expandindo para incluir mais nuances e representatividade das diversas experiências e identidades dentro da comunidade LGBTQIA+.

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