Pagar para publicar? Cuidado com o mercado de revistas predatórias!

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As revistas predatórias são aquelas que cobram taxas para publicar artigos, sem um processo criterioso de avaliação. Vem ficar por dentro desse assunto.


Sumário

  1. O que são revistas predatórias?
  2. Qual é a diferença entre uma revista segura e uma revista predatória?
  3. Como saber se uma revista é predatória?
  4. Como funciona uma revista predatória?
  5. Qual é o perigo de publicar artigos em revista predatória?
  6. Como publicar artigos de forma segura?
  7. A Mettzer pode te ajudar na construção de uma trajetória científica mais leve

De acordo com a pesquisa de Jeffrey Beall, biblioteconomista da Universidade do Colorado (em Dever, nos Estados Unidos), cerca de um quarto do número de periódicos de acesso aberto são, na verdade, predatórios.

Conforme denunciam muitas associações nacionais, as revistas predatórias estão se difundindo no Brasil nos últimos anos.

Inclusive, em 219, a Revista de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia, publicou o editorial “Publicar ou perecer: ameaça das revistas predatórias à integridade científica”.

Em 2020, o Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE), da UFGRS, emitiu uma nota de repúdio ao que classificou como “assédio praticado por editoras e periódicos predatórios“.

Em 2021 foi a vez da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Letras e Linguística emitirem nota criticando a estratégia desses periódicos.

O fato é que o processo de publicação envolve várias etapas que compreendem desde a análise preliminar pelo corpo editorial, a avaliação por pares, a revisão da pessoa editora, a respostas das pessoas autoras, as possíveis alterações, a editoração, indexação e, só então, a publicação.

Cada uma dessas etapas demanda um tempo e um esforço, mas também é importante para garantir a autenticidade e o rigor científico.

As revistas predatórias, portanto, pulam essas etapas, porque simplesmente se preocupam com a manutenção de um verdadeiro mercado de comercialização de publicações.

Pois bem. Já deu para perceber o quão perigoso pode ser isso não é mesmo?

Então, se você já publicou ou quer publicar um artigo em uma revista científica, precisa ficar por dentro desse assunto.

Esse artigo vai te explicar todas as perspectivas que você precisa saber para não cair em nenhuma confusão e publicar artigos apenas em locais seguros. Vamos lá?

O que são revistas predatórias?

Antes de mais nada, é fundamental entender o conceito de revistas predatórias: o que é, afinal, uma revista desse tipo?

De forma geral, as revistas predatórias são aquelas que se dispõem a publicar artigos científicos sem submetê-los a uma séria revisão por paresàs vezes, nem existe qualquer tipo de revisão.

Em contrapartida, para publicar os artigos, as revistas desse tipo exigem o pagamento de taxas de cobrança.

Em outras palavras, uma revista é predatória quando suas diretrizes e normas editoriais são pouco criteriosas na seleção de pesquisas que serão veiculadas.

Ou, nas palavras do professor da Escola de Administração da UFRGS, Marcelo Perlin:

“[…] é aquela que simplifica e minimiza o processo de revisão por pares em troca de algum tipo de benefício financeiro. Em outras palavras, é o famoso pay-to-publish [pagar para publicar]. Você manda o artigo e em duas semanas ele está publicado. Em troca, você paga um valor financeiro.”.

Marcelo Perlin

Esse fenômeno foi descrito pela primeira vez em 2008, por Jeffrey Beall, que inventou o termo “revistas predatórias de acesso aberto” para se referir a essas revistas que publicam artigos a qualquer tempo mediante pagamento.

No volume 489 da revista Nature, Beall chama atenção que a prática de revistas predatórias estão corrompendo o movimento de ciência aberta.

Qual é o objetivo principal da revista predatória?

Sendo assim, o objetivo da revista predatória não é divulgar pesquisas científicas, tampouco se preocupa com a qualidade e o desenvolvimento da ciência.

Na verdade, o intuito principal dessas revistas é obter lucro financeiro, a partir da publicação desses artigos científicos (com pouco ou nenhum custo).

Características das revistas predatórias

Em resumo, as principais características das revistas predatórias são:

  • Cobram taxa de pagamento para publicação dos artigos;
  • Não contam com revisão de pares ou o processo de revisão não é sério e criterioso;

Qual é a diferença entre uma revista segura e uma revista predatória?

Diante de tantas revistas que cobram taxas de publicação, talvez você esteja aí se perguntando: “mas, então, são todas revistas predatórias?

E a resposta é não. Nem todas as revistas que cobram taxas para publicar o artigo são revistas predatórias. A grande distinção entre elas é que, além de existir a cobrança, não existe uma avaliação por pares — ou, pelo menos, não uma avaliação séria.

Nesse sentido, Samile Vanz, professora da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS, explica melhor essa questão:

“É qualquer convite que se faça à publicação em que se pressupõe a cobrança. Além dessa cobrança, não existe uma avaliação por pares. Essa é a grande diferença de uma revista predatória em relação a uma revista que cobra uma taxa de publicação”.

Samile Vanz

Como saber se uma revista é predatória?

Para começar, você pode pesquisar o nome da revista na lista de prováveis periódicos predatórios criado por Jeffrey Beall. Na lista constam revistas de 2010 a janeiro de 2017

Além do mais, em seu artigo “Las estafas más recientes de las revistas depredadoras“, Spinak listou 5 indícios de que as revistas podem ser predatórias:

  • Elas enviam e-mails com informações contraditórias;
  • Os fatores de impactos são falsos;
  • Divulgam informações falsas sobre o conselho editorial;
  • Têm informações enganosas sobre a indexação de artigos;
  • Informam vínculos institucionais com associações ou instituições que não procedem.

No entanto, os convites para publicação em revistas predatórias costumam acontecer sempre da mesma forma.

Primeiro, as revistas enviam e-mails autmáticos, convidando para publicar seu artigo em um revista internacional. À primeira vista, isso parece ótimo, não é?

Depois, pedem para traduzir o texto para inglês. Só no final é que cobram um valor (normalmente em dólares) para publicar o conteúdo.

Como funciona uma revista predatória?

Pois bem, a ideia das revistas predatórias surgiu a partir do movimento Open Acess (ou, em português, Acesso Aberto), cujo objetivo era democratizar o conhecimento e disponibilizar as pesquisas científicas à sociedade.

É verdade, a ideia inicial não era exatamente ruim. No entanto, o problema é que grande parte dessas revistas passou a se preocupar exclusivamente com os lucros financeiros — não mais com o caráter científico, bibliográfico e ético do artigo.

Então, atualmente, trata-se de uma forma de veiculação de pesquisas com objetivo exclusivo de explorar financeiramente a demanda acadêmica por publicações de artigos científicos.

Inclusive, essas revistas sofisticam suas estratégias para legitimar suas publicações. No início, essas revistas simplesmente não tinham um processo de avaliação por pares.

Hoje em dia, elas já têm. No entanto, não consideram essa avaliação na hora da publicação. Ou seja, eles avaliam os artigos apenas para justificar que existe um processo de avaliação por pares.

Só que, na verdade, esse processo não interfere em nada. Ou seja, não é o resultado da avaliação que indica se o artigo vai ser publicado ou não — é o pagamento da taxa que define isso.

Assim, o pressuposto inicial das revistas predatórias é se aproveitarem da pressão que as pessoas pesquisadoras enfrentam para publicar artigos.

Alinhado à isso, também se aproveitam da demora e da burocracia que é necessária para publicar artigos científicos. Hoje em dia, esse processo pode levar anos.

Então, essas revistas simplificam todo o processo e cobram uma taxa de publicação. Só para ter uma ideia, os valores dessas taxas variam de 200 a 3 mil dólares.

E em poucos dias — sem demora e sem burocracia, como prometem, publicam esses artigos científicos, mediante o pagamento.

Qual é o perigo de publicar artigos em revista predatória?

Como não seguem um processo criterioso de avaliação por pares, o grande risco das revistas predatórias é divulgar informações falsas e enganosas.

Afinal de contas, não há qualquer garantia de que os artigos têm rigor científico e que, portanto, apresentam conclusões científicas verdadeiras.

Esses artigos podem, por exemplo, oferecer tratamentos errados, incentivar a automedicação e colocar em risco a saúde das pessoas.

Além disso, “se você está divulgando pesquisa sem validação num periódico dito científico e se ela cai na mão de uma pessoa despreparada, isso leva a essas fake neews que estamos cansados de ver” — explica Vanz.

O fato é que essas revistas não avaliam criticamente o conteúdo que recebem e publicam materiais que não condizem com o rigor científico.

Foi o caso do experimento feito pelo pesquisador Alexandre Martin, que enviou um artigo com frases escritas pelo seu filho de 7 anos e teve seu conteúdo aprovado.

Sem contar que essas revistas têm o hábito de alterar o conteúdo escrito pelas pessoas pesquisadoras e incluem trechos plagiados de outros artigos.

Como publicar artigos de forma segura?

Aqui está um passo a passo de como publicar um artigo de forma segura:

  1. Defina o objetivo do seu artigo
  2. Escolha o local de publicação com cuidado
  3. Analise as questões éticas e o posicionamento da revista que você vai publicar
  4. Pesquise o nome da revista na lista de Beall
  5. Conheça as exigências e as normas do local de publicação
  6. Desenvolva uma pesquisa científica a partir de uma metodologia bem definida
  7. Coloque o seu trabalho na formatação correta de acordo com as normas – mas não esqueça da formatação da ABNT, especialmente nas citações e referências bibliográficas para não cometer plágio.

Fatores para escolher uma revista para publicar artigo:

Na hora de escolher a revista, considere os seguintes fatores:

  • Frequência de publicação: analise a periodicidade das publicações;
  • Qual é o objetivo e escopo da revista?
  • Fator de impacto dos trabalhos: é nível nacional? mundial? e a sua pesquisa?
  • Quem são as pessoas que costumam ler essa revista?
  • É uma revista de livre acesso ou acesso controlado?
  • Qual é o prestígio, autoridade e relevância da revista? Verifique a avaliação Qualis.
  • Tem alguma restrição de área de pesquisa? tipo de trabalho? número de palavras?
  • Quais são os critérios de submissão do artigo?
  • Quais são os critérios de análise do artigo?

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